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Doté Luiz de Jagun (In Memorian)

Luiz Alvaro Soares de Souza nasceu em família católica no RJ dia 24 de fevereiro de 1947, inclusive recebido todos os sacramentos daquela religião. Devoto de São Bento, Luiz costumava, desde muito jovem, ter visões e sonhos reveladores, o que seria um prenúncio da sua mediunidade, Ainda muito jovem, Luiz, muito doente e não encontrando resposta na medicina, foi levado a umbanda e pode encontrar alívio. Em pouco tempo, seus guias espirituais se manifestavam e logo se viu impelido a abrir seu próprio terreiro que, muito rapidamente, cresceu em número de fiéis. Mas não seria na umbanda que Luiz deveria seguir sua trajetória. Seus Orixás exigiam mais, Omolú queria ser feito, Oxun e Oxaguian não abriam mão da exigência de serem cultuados pelo jovem espírita. Recebeu grande ajuda e apoio de Jorge de Yemanjá e Hilbert de Azowany, na época, seus tios e os dois maiores amigos, mas foi em Zézinho da Boa Viagem, que os Orixás de Luiz depositaram confiança para serem "Feitos" e assim, na noite de 18 de maio de 1974, Jagun - O Grande Guerreiro Branco - anunciava seu nome em festa pública. A trajetória de Luiz foi meteórica. Da pequena casa na rua Coimbra na Penha, onde iniciou seu primeiro barco, transferiu-se para um grande sítio em Santíssimo ao qual deu o nome de Ile de São Bento, que se transformou em um grande império iniciando mais de 670 filhos dentre ogãs e ekedis e netos, de seus filhos nasceram grandes sacerdotes, Luiz sempre acompanhado por seu fiel amigo, Doté Jorge de Yemanjá, também conhecido como Baby de Yemanjá, que seria seu primo de santo, filho de Hilbert de Azowany, teve também grande apoio de seus irmãos e amigos mais apegados como o Doté Antônio de Amaralina, Doté Flávio de Obaluaiê, Babalorixá Oyá Gindê, Babalorixá Marco d'Oyá, entre outros... Luiz se destacou muito como escritor, radialista e jornalista que atuava em seu programa radiofônico "Despertar do Candomblé" estabelecendo recordes de audiência. Anualmente Luiz produzia um evento denominado "Os Melhores do Candomblé" no qual homenageava os grandes nomes da religião além de promover a união tão ansiada por todos. Nestas oportunidades conseguia lotar grandes casas de espetáculo do Rio de Janeiro como o “Scalla” e "Imperator". Seu nome virou enredo de escola de samba, seguindo com a vitória da escola, depois, no dia 11 de julho de 1995, Luiz foi convidado pelo governo federal a imortalizar sua voz no MIS "Museu da Imagem e do Som". seu maior estrelato foi seus 21 anos, considerada a maior festa da história do candomblé, reunindo nada mais nada menos que 2.648 pessoas, que super lotaram as dependências do Ilê de São Bento, grande quantidade de pessoas causando um verdadeiro caos no transito da Av. Brasil. No apogeu de sua carreira, no dia 19 de fevereiro de 1997, faltando apenas cinco dias para a comemoração de seu cinqüentenário com uma grande festa, Luiz veio a falecer, vítima de uma embolia pulmonar. Sua morte inesperada foi uma verdadeira catástrofe que provocou uma grande comoção entre os adeptos das religiões afro, seus funerais foram acompanhados por muitas centenas de pessoas que, em carreatas, seguiram o corpo desde o terreiro de Santíssimo até o Cemitério do Caju, Sua última vontade era que o Ile de Sâo Bento fosse doado a uma entidade filantrópica a virar um hospital ou um leprosário, Luiz deixou uma lacuna que jamais será preenchida, pois poucos são aqueles que, como ele, congregam numa grande diversidade de atividades um único objetivo: o engrandecimento e a divulgação do candomblé. A ele, as nossas homenagens e o nosso mais sincero agradecimento. Centro Cultural Banco do Brasil. Apoio: Museu da Imagem e do Som.

Doté Luiz D' Jagún Nascido para o mundo do Candomblé no dia 18 de maio de 1974 pelas mãos de Doté Zezinho da Boa Viagem, Doté Luiz D' Jagún fundou o Ilè de São Bento e cuidou de todos os seus filhos até o fim de sua vida. Radialista, Jornalista e Escritor, Doté Luiz D' Jagún foi o grande criador dos quadros: A CHICA XOXA, FOLHEANDO AS PÁGINAS DE UM LIVRO CHAMADO AXÉ e COMO VAI VOCÊ. Em 27 de maio de 1995, Doté Luiz d' Jagún comemorou seus 21 anos de iniciado, e nunca foi visto até hoje no Rio de Janeiro uma festa que se igualasse à está, mais de 2.500 pessoas comparecem ao Ilè de São Bento nesta data e puderam pela primeira vez aguardar uma cerimonia religiosa ouvindo músicas suáveis executadas por um organista. Em 14 de novembro de 1995, Doté Luiz juntou na Avenida Rio Branco, centenas de adeptos do Candomblé e Umbanda para protestarem contra um pastor da Igreja Universal que havia chutado uma imagem de Nossa Senhora Aparecida. Antes de falecer, Doté Luiz deixou seu desejo por escrito, ele doou o terreno do Ilè de São Bento para uma Entidade Filantrópica, Azilo dos Leprosos. No dia 20 de fevereiro de 1997 cala-se a voz do Candomblé, o Candomblé, não só carioca, mas sim mundial perde o mago, perde o guerreiro branco, perde um de seus maiores membros, perde Doté Luiz D' Jagún, inúmeros membros do Candombé e Umbanda foram ao Ilè de São Bento despedir-se de Doté Luiz. Mesmo com essa perda irreparável todos lembram-se das brincadeiras do A Chica Xoxa e aqueles que não tiverem o prazer de conhecer este senhor, ouvem as histórias dos mais velhos e apaixonam-se por ele mesmo sem conhecer.... Assim, Jagún quis, e levou um dos melhores do Djedje Mahín. Doté Luiz D' Jagún, de onde estiver, receba esta singela homenagem.

21 Anos do Doté Luiz de Jagun... 27 de Maio de 1995.

Babalorisá Waldomiro Baiano  (In Memorian)

O senhor Valdemiro Baiano, filho de Xangô e Ogum, foi o último zelador de santoentrevistado por nós nesse trabalho. Nascido em 13 de dezembro de 1928, tem 74 anos de idade.Nascido na Bahia, veio para o Rio de Janeiro em busca de trabalho ainda na década de 30. Tem 59anos de santo feito com senhor Cristóvão Lopes dos Anjos da nação Efon; e fez todas as obrigaçõesde Kêtu com mãe Menininha do Gantois.Iniciou falando sobre a razão que o levou a mudar de nação no candomblé. Segundoele:“Efon é desse tamanhinho assim, não quis seexpandir. Eu tenho cabeça de expandir, de crescer”.Questionamos com ele essa prática de mudar de uma nação para outra sem hesitar, enos falou que isso é perfeitamente normal. Se você não está satisfeito, deve e pode mudar, finalizou.Sobre sua roça no Parque Fluminense, diz que foi fundada há aproximadamente 50 anos, e está para ser tombada como patrimônio histórico, situando-se na rua Moacir Almeida, noParque Fluminense em Duque de Caxias.Quando perguntamos a ele por que uma nação como a Kêtu se expandiu tanto e outracomo a Efon continuou tão pequena, relatou que é a forma que as levaram a essa situação. Disse:“Efon é pequenininha, não desenvolveu muito,guardam muito escondidinho, muitos não faziam, eu estoufazendo aqui. Não dialogavam. Não abriam pra ninguém,morriam e levavam. Hoje ainda tem gente que morre e leva”.Segundo ele esse é um problema, e que se continuar assim, vão acabar fechando, poisa nação vai minguando até acabar. O senhor Valdemiro fez santo com 15 anos de idade, hoje essesenhor tem filhos de santo espalhados em vários estados do Brasil, como Ceará, Paraná, Bahia, SãoPaulo e no Rio de Janeiro, vive constantemente em viagens dando assistência aos diversos filhosespalhados pelo Brasil. Ele é um zelador tão preparado que é requisitado para colocar axé nosterreiros de seus filhos e amigos.Nessa oportunidade, falamos sobre um problema sério no candomblé que oszeladores anteriormente citados nessa obra também falaram: a questão dos sacerdotes imaturos,despreparados, mas que insistiam em abrir suas casas? Ele foi claro quando disse que esseszeladores pagam caro por essas precipitações. Segundo ele, quem nos escolhe é o orixá, nósdevemos seguir o chamado do orixá.Quando perguntamos sobre o que pensa do candomblé na Baixada Fluminense, nosdisse assim: “O que eu acho muito no candomblé é a desunião,um só quer derrubar o outro. Um quer sempre mais do que outro,o candomblé muito desunido. O protestantismo é mais unido, ocandomblé mede força. Dificilmente você encontra uma pessoaigual a mim que diz Kitala é minha mais velha. Se você perguntarquem é Kitala, eu digo é minha irmã, minha Ebane”.Segundo ele, os protestantes são mais organizados politicamente. O candomblé estásempre por baixo, mas ressaltou que essa desunião é hereditária no candomblé, vem da África. Já asnações mediam forças entre si e isso é próprio do candomblé, nós podemos melhorar, mas não temcomo acabar com isso.Ainda sobre o candomblé na Baixada Fluminense, o senhor Valdemiro nos disse quedesde que chegou ao Rio abriu três casas no Estado. A primeira na cidade Rio de Janeiro, a segundana Chacrinha, em Caxias, e essa atual no Parque Fluminense, que está aberta há aproximadamente50 anos. Segundo ele, desde que chegou a Baixada Fluminense abriram várias casas. Ele fez questãode mencionar os primeiros zeladores de santo que chegaram à Baixada.“Quem deu início ao candomblé aqui na Baixada foiJoãozinho da Goméia. Mas já tinha candomblé no Rio de Janeiro,tinha o de Brancolé, o de João Allabá e o de João Abedé na cidade, naBarão de São Félix, na Central do Brasil..., no bairro da Saúde.Depois de Joãozinho veio meu pai Cristóvão Lopes dos Anjos...Siriaco...”Nessa oportunidade, ele nos falou sobre o preconceito que cerca o candomblé e disseque o candomblé é uma especialidade das mulheres contra os homens.“Candomblé na realidade é de homem e não demulher, na África a alaó e babalaó e os filhos da casa são ligados aoorixá do marido”.Segundo ele, as mulheres no Brasil tomaram conta do candomblé.“Elas vieram com o mais velho Iyanossô e Iyaxalá,com Babá Detá, quando Babá Detá morreu, elas tomaram conta enão deixaram mais os homens sentar”.Entre os nomes de zeladores homens citados pelo senhor Valdemiro, falou sobre o tioBomboxé que é um dos fundadores do candomblé no Brasil, o avô de dona Regina Bomboxé, que é uma importante zeladora de santo na Baixada Fluminense. Dona Regina Bomboxé tem casa no bairro Eldorado em Duque de Caxias. Infelizmente não tivemos ainda uma oportunidade de conversar com ela. O senhor Valdemiro nos falou sobre o pai de dona Regina, o qual se chamava Benzinho. Segundo ele, ela entende de candomblé como ninguém. No final de nossa entrevista, o senhor Valdemiro ainda nos falou sobre as nações que estão presentes na Baixada Fluminense.”Kêtu só pode vim dos Gantois, Engenho Velho, São Gonçalo, Olga do Alaketu e minha mãe Regina. Qualquer outra casa de Kêtu só pode ter saído de uma dessas casas. Jeje tem que virdo Bogum e da Cachoeira. Bogum é Bahia e Cachoeira é decachoeiro. Angola tem que vir de Mariquinha Lembar, Maria Neném, Bernardino, que era filho de Siriaco, que tinha casa em Villar dos Telles. Efon veio com Cristóvão Lopes dos Anjos”.Seu Valdemiro nos disse que conheceu pessoalmente esses importantes zeladores de santo, também nos relatou ser o primeiro xangô da nação de Efon. Quando perguntei sobre o presente e o futuro do candomblé na Baixada Fluminense, nos respondeu assim:“O candomblé vai progredir certo ou errado. Tem casa que eu olho, torto, vejo torto e deixo. Está cada vez pior. Vou te dizer uma coisa, quanto mais marmoteiro, mais cresce !"

Fonte de pesquisa : Google

Mãe Menininha do Gantóis (In Memorian)

Maria Escolástica da Conceição Nazaré - Nasceu em 10 de fevereiro de 1894 ,conhecida como Mãe Menininha do Gantois em razão do apelido menininha que recebeu na infância por ser quieta e franzina e sua posição no terreiro que assumiu. Era filha de Oxum.Foi a quarta Iyálorixá do Terreiro do Gantois, e a mais famosa de todas as Iyálorixá brasileiras, foi sucessora de sua mãe Maria da Glória Nazareth e foi sucedida por sua filha Mãe Cleusa Millet.Ela vinha de uma longa linhagem de Iyalorixás, as chefes dos terreiros de candomblé. O Gantois foi fundado em 1849, por sua bisavó Maria Júlia da Conceição Nazaré.Na década de 20, foi escolhida para ser a Iyalorixá do terreiro em virtude da morte de sua tia-avó, Mãe Pulchéria, enquanto se preparava para assumir o cargo, sua mãe Maria da Glória Nazareth ficou por um curto período à frente do Gantois.Aos 29 anos, casou com o advogado Álvaro MacDowell de Oliveira, descendente de ingleses. Com ele teve duas filhas, Cleusa e Carmem.Admirada pela sabedoria, gentileza, conhecimentos, humildade e pulso firme, Mãe Menininha do Gantois foi a grande responsável pela difusão e popularização do candomblé na Bahia, conseguiu agregar pessoas de todas as religiões em seu terreiro, inclusive personalidades como Dorival Caymmi, Caetano Veloso, Tom Jobim, Antônio Carlos Magalhães e Vinícius de Moraes, que só tomavam decisões importantes após consultá-la. Neta de escravos africanos da tribo Kekeré, da Nigéria, ainda criança foi escolhida pelos santos do candomblé do terreiro fundado pela bisavó, o Axé La Masse, como mãe-de-santo (ialorixá). Iniciada tia, assumiu o topo da hierarquia da religião ao completar 28 anos. Ditando as regras e comandando o terreiro, conhecido como Gantois, conseguiu maior respeito e aceitação do candomblé por outras religiões e pelo poder político, que perseguia e condenava os praticantes dos rituais. Seu mérito estendeu-se também à modernização do candomblé: mesmo abrindo as portas para integrantes e pessoas de outros cultos e religiões, não deixou que se transformasse em exploração folclórica e turística. Um modelo de vitalidade e bondade, conciliou as atividades do terreiro com a família, realizando obras de caridade.Em uma entrevista dada a revista IstoÉ, mãe Carmem, filha de mãe Menininha do Gantois, conta que ela adorava assistir telenovelas, sendo que uma de suas preferidas teria sido Selva de Pedra. Era colecionadora de peças de porcelana, louça e cristais, sobre os quais guardava muito zelo. Não bebia Coca-Cola, pois certa vez lhe disseram que a bebida servia para desentupir os ralos de pias, e ela temia que a ingestão da bebida fizesse efeito análogo em si. Faleceu de causas naturais aos 92 anos de idade.

Mãe Menininha do Gantois ''Gravado Ao Vivo no Gantois Salvador'' no ano 1974.

Zezinho da Boa Viagem (In memorian)

José Gomes de Lima Filho, Zézinho da Boa Viagem (Recife 12 de novembro de 1930 - Rio de Janeiro 21 de Março de 2011), foi iniciado no Candomblé pelas mãos deTata Fumutinho em 26 de Julho de 1943, época ainda da Segunda Guerra Mundial, e obrigação de sete anos em 14 de Outubro de 1961, fundou o Terreiro de Boa Viagem, Nova Iguaçu, Rio de Janeiro e também fundou e manteve uma casa de candomblé no Paraguai onde iniciou vários filhos de santo. No total Pai Zezinho da Boa Viagem início mais de 5 mil filhos de santo. E veio a falecer em 21 de Março de 2011 por causa de uma parada cardíaca e falência múltipla dos orgãos em seu apartamento no bairro Copacabana, na cidade do Rio de Janeiro. Deixou inúmeros filhos de santo que perpetuam o axé Djedje Mahim, e que são expoentes e referência da religião em todo Brasil bem como: Mãe Ana Maria de Bessen (herdeira do axé), Doté Antônio D'Amaralina, Doté Luiz de Jagun (in memorian), Dotés Jorges de Odé, Ekedy Joyce d'Ogun, Doté Paulo de Odé, Doté Nelson de Logun, Doté Dirceu de Oxalá (in memorian), Ogã Alexandre Cobra, Carlos de Togbô, Ogã Adilson d'Oxalá, Doté Jorge d'Oxaguian, Doté Álvaro de Iansã, Doté Kamussengue (in memorian), Doté Luiz Sérgio d'Azansú, Ekedji Fly d'Osun, Pai Israel d'Averekety, Mãe Cristina d'Osun, Ogan Vagner de Ogun, Mãe Jurema de Bessen, Mãe Isabel de Odé, Ekedy Marcella de Osun, Doté Aluizio de Azansú, Doté Flávio de Obaluwaye, Mãe Lurdes de Oxalufan, Doté Gilberto de Legbára, etc...

Bàbá Altair T'Ògún (In memorian)

Altair Bento de Oliveira, conhecido por Togun, foi iniciado em três de outubro de mil novecentos e sessenta e seis, pelo babalorixá Carlos Gonzaga (Carlos de Obaluaê), em Duque de Caxias, Rio de Janeiro, com saída de orúko em outubro daquele mesmo ano. É autor dos livros Cantando para os Orixás, e, Elégun, Iniciação no Candomblé, ambos publicados pela editora Pallas. Ministrou curso de iniciação à linguagem iorubá na Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Altair faleceu em catorze de janeiro de dois mil e doze. “Altair Bento de Oliveira, conhecido como Pai Altair Togun, partiu para o orun no último dia 14 de janeiro de 2012.Apesar de adoentado há alguns anos, a notícia sobre a sua morte foi a princípio um boato que custou a ser confirmado, para nossa tristeza.Sua família consanguínea não quis divulgar o óbito, preferindo manter reservado o luto e garantir a intimidade dos ritos fúnebres.Pai Altair era discreto. Negro, magro, de estatura mediana, era um homem de voz baixa, mas dono de muita atitude.Altair Togun tinha 46 anos de santo quando morreu. Ele foi iniciado para Ogum na Nação Ketu, em três de outubro de 1966, por Carlos Gonzaga, o Carlos de Obaluaiê, no Município de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.Eram tempos em que o saber religioso não era público, nem de fácil acesso. Inquieto e com fome de conhecimentos e respostas, se lançou muito cedo às pesquisas. O inquietava repetir os adurás (rezas) e os orins (cânticos sagrados) sem entender seus significados em português.Foram cerca de 30 anos de pesquisas solitárias e persistentes. Queria conhecer o iorubá. Mas não existiam professores, nem dicionários. Ele ia então lentamente garimpando as palavras, lapidando as frases, esculpindo os textos, traduzindo para o inglês, depois para o espanhol, e finalmente chegando ao português. Tudo isso sozinho! Ele foi um autodidata.Assim, foi o primeiro no Brasil a lançar um livro contendo músicas sacras com a letra em ioruba, sua fonética (pronúncia) e a tradução em português, anexando ainda 15 fitas cassete com um total de 15 horas de áudio dos respectivos 376 cânticos sagrados. Era sua primeira obra: “Nkorin S´àwon Òrìsà – Cantando para os Orixás”. O ano: 1993.Naquela época, o preconceito no nosso meio era grande contra o registro escrito dos saberes rituais. Pai Altair foi muito criticado pela iniciativa, mas não pelo conteúdo da sua obra…Ele não se abateu. Dois anos depois (1995), lança seu segundo livro, ainda mais contundente e detalhado: “Elégùn – Iniciação no Candomblé”, com prefácio de ninguém menos do que Agenor Miranda da Rocha, que assim concluiu o prólogo: “Sem entrar no mérito da polêmica acerca do que deva ou não ser publicado, saudamos mais esta contribuição aos estudos da cultura e religiões africanas no Brasil”.Apesar disso, as críticas foram ainda mais severas e ácidas. Eram hipócritas, que renegavam a publicação, mas a consultavam em segredo nas suas casas… Enquanto os mais tradicionalistas o boicotavam, o nome de Altair Togun crescia em admiração junto à nova geração que se constituía no Candomblé. De tanto se debruçar no idioma iorubá, Pai Altair foi convidado a inaugurar o curso de Iniciação à Linguagem Iorubá, sendo professor convidado na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Ali, foi mestre de toda uma importante geração: Fernandes Portugal, Marcelo Monteiro, José Flávio Pessoa de Barros, José Beniste, entre outros.Seu terceiro e último livro veio em 1998. Já descontente com a política editorial, lançou em produção independente sua obraprima: “Asese – O reinício da Vida”. Um trabalho completo, onde discorreu sobre o contexto histórico, as práticas atuais, as explicações litúrgicas, também com a tradução de rezas e cantigas. Novamente composto por um acervo de fitas cassete com todos os áudios. Um livro antológico sobre o tema.A essa altura, desgostoso da vida, seja pelos problemas familiares, seja pelas decepções que colecionou na vida sacerdotal, ou ainda pela ferocidade de seus críticos conceituais, foi se abatendo e se alquebrando pela doença.Ao final da vida, era um homem nostálgico. A voz se mostrava ainda mais fraca e titubeante. Traído pela memória e pelos que ajudou, o velho Togun estava convicto de suas iniciativas, mas magoado e triste com o ostracismo a que fora relegado em sua Roça numa área remota de Nova Iguaçu.Poucos foram os que o acompanharam até o fim. Poucos foram os que reconheceram seu mérito e o valor extraordinário de seu esforço para a sobrevivência do Candomblé.Pai Altair Togun influenciou uma era. Fez escola, fez história, fez o Candomblé melhor: mais lúcido, mas claro, mais correto, mais compreensível. Ele registrou, traduziu e elucidou, trazendo luzes à ignorância e oportunidades aos interessados.Não foi um mero tradutor. Seu trabalho assumiu uma importância singular, porque ao reparar os textos em iorubá e traduzi-los, garantiu automaticamente que a história dos Orixás, seus feitos, seus atributos e virtudes, assim como seus rituais, não fossem mutilados pelo tempo, nem pelos erros linguísticos.Assim a obra de Altair Togun ajudou a garantir uma tradição da qual já não se tinham mais referências gramaticais, a medida em que a língua matriz (o iorubá) que funcionava como um código de transmissão cultural estava se perdendo.O Candomblé e toda a cultura Nagô foram literalmente resgatados pelo empenho desse homem que lutou sozinho contra um exército de ignorantes, mas que garantiu um legado eterno, herança de todos nós. Altair Togun é um marco que divide o Candomblé em duas fases: a era da repetição e a era da compreensão.

Joãozinho da Goméia  (In memorian)

João Alves Torres Filho, nasceu em 27 de março de 1914 em Inhambupe, Bahia. Sua família era católica e chegou a ser coroinha da paróquia de sua cidade. Mas o menino parecia realmente já vir predestinado a vivenciar o mundo das tradições religiosas afro-brasileiras, mesmo antes de se iniciar em uma casa de culto.  Na pequena cidade onde nasceu, distante 153 km da capital, aos 10 anos já demons-trava sua forte personalidade, como bom filho de lansã. Aos 17, deixou a família e rumou para Salvador, onde fez de tudo para sobreviver. No armazém onde trabalhou, conheceu uma senhora que muito lhe ajudou e que considerava como sua madrinha. Foi ela quem o levou ao terreiro de Severiano Manuel de Abreu, que recebia a entidade conhecida como Caboclo Jubiabá.

Uma das muitas histórias que se conta sobre sua iniciação é o fato de Joãozinho sofrer de fortes dores de cabeça sem explicação ou cura por meio da medicina. Assim que se realizou sua feitura, as dores de cabeça cessaram; teriam sido apenas um aviso de que o menino já vinha com o destino traçado pelos Orixás, que cobravam sua iniciação.Em torno da figura de Joãozinho da Goméia sempre houve muita polêmica; para muitos, que buscavam formas de criticá-lo, sequer teria sido "feito". Mas há filhas-de-santo de Pai Joãozinho que contam todo o seu processo de iniciação. Uma delas, aos 92 anos declarou ao jornal Correio da Bahia que tinha dúvidas de que, se ele fosse vivo, alguém tivesse coragem de contradizê-Io.  Após a feitura de santo com Severiano Manuel, aos 18 anos Joãozinho já tinha seu terreiro, onde mantinha os padrões do Candomblé de Caboclo e Angola, cultuando Orixás, Encantados e Espíritos de ameríndios. Com a morte de seu Pai-de-Santo, segundo alguns relatos, Joãozinho "refaz" o santo no terreiro do Gantois com Mãe Menininha, de Nação Keto. Começa então a polêmica que cercaria toda a vida de Joãozinho em relação a seus trabalhos no Candomblé a mistura de Nações. Mas "Seu" João da Pedra Preta foi de fato importante para a consagração do culto de Candomblé Angola e sua popularização. Intelectuais como Jorge Amado e Édison Carneiro projetaram o Terreiro da Goméia para o resto do Brasil. Joãozinho foi importante colaborador de Édison Carneiro durante a realização do II Congresso Afro-Brasileiro, realizado em 1937, em Salvador. Segundo o escritor e pesquisador das tradições africanas, Joãozinho era, aos 24 anos, um Pai-de-Santo que se destacava no ambiente conservador da época. Mesmo consciente da genealogia e hierarquia dos demais terreiros, conseguiu impor sua autoridade e seu nome se legitimou ao longo dos anos.

Sua fama como Pai-de-Santo atingiu realmente o auge com a mudança para o Rio de janeiro, onde se instalou na cidade de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Ainda é sur-preendente hoje ouvir falar de um sacerdote do Rito Angola sendo lem¬brado com tanto carinho pelo povo de santo. Sua voz rouca, firme e afinada, saudava de Exu a Oxalá, e foi o mais importante agente na época em que começou a divulgação de termos usados no Candomblé por meio da mídia e das artes, que sempre foram seus grandes aliados. Ao ir para a região Sudeste com seu culto, Joãozinho da Goméia sabia da importância e das vantagens de tornar conhecidos os cultos afro-brasileiros. E sua influência se estendeu para outros estados; segundo pesquisa realizada em 1983, dos 24 mais antigos terreiros da capital e do litoral paulistas, oito haviam sido fundados por seus filhos e filhas-de-santo.

Da década de 1950 em diante Joãozinho já era muito famoso no Rio de Janeiro e, até sua morte, em 1971, era o Pai-de-Santo mais conhecido do Brasil. Apesar de tudo, nunca con-seguiu ser unanimidade entre o povo de santo - para muitos era um transgressor das ordens do culto e falava demais, características de um filho dos Orixás guerreiros Oxossi e lansã. Há uma passagem que ficou fortemente marcada em sua trajetória desafiadora aos costumes da época o Carnaval de 1956, quando saiu pelas ruas fantasiado de "vedete Arlete" e foi duramente criticado e repreendido pelas maes-de-santo da Bahia e pela Federação Umbandista do Rio de janeiro, o que acabou lhe rendendo uma matéria na revista "O Cruzeiro", cujo título era: "Joãozinho da Goméia no Tribunal da “Umbanda". Em entrevista, o polêmico pai-de-santo de¬monstrou sua forte personalidade ao repórter, ao ser perguntado se sua atitude ao sair fantasiado de vedete não chocava os regulamentos do Candomblé. - "De nenhuma maneira. Primeiro, porque antes de brincar pedi licen?a ao meu "Guia", segundo, porque o fato de ter me fantasiado de mulher não implica em desrespeito ao meu culto, que é democrático. Os Orixás sabem que somos feitos de carne e osso e toleram superiormente as inerências da nossa condição humana, desde que não abusemos do Iivre arbítrio" . Com relação as lalorixás baianas, Joãozinho se referia a todas com certo rancor, por nunca terem aceitado sua condição como importante sacerdote do culto. A única a quem se referia com mais respeito era Mãe Menininha, pois sempre manteve um relacio¬namento um pouco melhor com ela. Sobre Mãe Senhora, na época poderosa sacerdotisa do lIê Axé Opô Afonjá, certa vez disse: "Conheço Senhora, mas nunca tive maior contato com ela, e não lhe sou simpático. É um tipo de mulher muito orgulhosa; não é bem orgulho, é um pouco de ignorância ... ".   Com a chegada de Joãozinho da Goméia ao Rio de janeiro, a Nação Angola se viu devidamente instalada em Caxias, ganhando sua merecida importância. Mesmo para aqueles que nunca aceitaram ou simpatizaram com ele, admitem que foi o grande respons?vel pela expansão do Candomblé no Sudeste, a partir de 1950. Formou milhares de filhos-de-santo que fundaram seus próprios terreiros em São Paulo e no Rio de janeiro. Até hoje essas casas têm orgulho em dizer que são da raiz da Goméia:Hoje em dia a verdadeira Goméia não existe mais. Depois de sua morte, em 1971, o terreiro em Salvador, no bairro de São Caetano e o de Duque de Caxias, não foram mantidos. O Caboclo Pedra Preta, sua entidade mais famosa, não teve um sucessor para representá-Io.Seus problemas de saúde começaram em 1966, quando teve um derrame cerebral; talvez já fosse uma manifestação do tumor que o levaria à morte em 1971. Mas, segundo os membros de sua casa, a proximidade de sua morte já havia sido anunciada, mas não identificada a tempo. Na última festa que fez para lansã, esta teria relutado muito para se manifestar. Isso aconteceu também diversas vezes com o Caboclo Pedra Preta, que por quatro vezes sacudiu Joãozinho, mas não incorporou. Isso aconteceu pouco antes de sua viagem para São Paulo, onde viria a fazer sua passagem, durante cirurgia para retirada de um tumor cerebral. Quanto à cirurgia, Joãozinho havia concordado, pois, segundo filhas-de-santo que estiveram ao seu Jado durante a luta contra a doen?a, Pai Joãozinho desejava que se cumprisse a vontade de Deus. A descendência de Joãozinho da Goméia ? maior no Rio e em São Paulo do que na Bahia. Após sua morte, o terreiro em Duque de Caxias passou por uma disputa de poder - uma menina de dez anos teria sido indicada para dar continuidade à Casa. Houve divergência interna e o terreiro acabou extinto. Em Salvador, na Rua da Goméia, o lugar onde ergueu sua roça foi tomado por uma imensa caixa d'água de concreto, instala¬da pela companhia de saneamento básico da cidade. Mas as lembran?as do "Pai da Goméia" continuam vivas para os mora¬dores mais antigos, e sua memória continua preservada nas muitas histórias contadas a seu respeito, por aqueles que o conheceram bem de perto.

Mãe Olga do Alaketu (In memorian)

O Terreiro do Alaketu, Ilé Axé Mariolajé, Ilê Maroiá Lájié, é um terreiro de Candomblé, foi fundado por Maria do Rosário, Otampê Ojaro, descendente da Familia Real de Ketu. Também conhecido como Casa de Mãe Olga do Alaketu.O Alaketu é uma comunidade que a sucessão do sacerdócio se processa sempre dentro da línhagem de descendência direta de sua fundadora.A quarta sacerdotisa a ocupar o trono desta casa dedicada a conservar a tradicão mais pura do candomblé foi a iyalorixá dona Olga Francisca Regis(Oyáfúnmi), conhecida internacionalmente por ter filhos de santo em outros países da América do Sul e na Europa.Terreiro do Alaketu ou Ilé Maroialaji Alaketu, Iyalorixá Olga de Alaketu, localizado à Rua Luiz Anselmo, 67 – Matatu, foi fundado em Salvador,Brasil, em 1636. Existem ainda todos os documentos.As primeiras donas do Alaketu eram gémeas e foram capturadas na beira do rio de Minas Santé, que eram fundos do reinado do Ketu. Vieram para o Brasil não como escravas e ali foram criadas até a idade de dezesseis anos, quando voltaram para a África.Casaram com 22 anos de idade e voltaram para o Brasil abrindo então o terreiro do Alaketu no dia 8 de Maio de 1616. A dona do Alaketu, que fundou o terreiro, chamava-se Iyá Otampé Ojarô, e a irmã chamava-se Iyá Gogorisa. Sua filha chamou-se Iya Acobiodé. Esse é o primeiro nome que tem qualquer pessoa que seja a primeira filha de um reinado em Ketu.Depois de Acobiodé vieram dois filhos homens de nome Babá Aboré e Bábá Olaxedom. Baba Aboré foi pai de Obá Oindá, que quer dizer “mulher de rei”, Todas as mulheres desta família tem nomes de Iyaba e os homens de Obas, pertencentes ao reinado de Ketu. Informação dada por D. Olga de AlaketuTradiçãoVivaldo da Costa Lima "A tradição oral da casa sugere sua fundação no fim do sec.XVIII. O documento oficial mais antigo ligado à casa é a escritura do terreno da roça extraída por ocasião do inventário do neto da fundadora da casa em 1867.A tradição diz que o terreiro foi fundado por uma africana originária de ketu, no Daome, que veio para o Brasil com a idade de 9 anos, recebeu o nome de Maria do Rosário. Seu nome africano era Otampé Ojaro. A roça foi consagrada a Oxossi – um dos antigos e principais orixas de Ketu – e a casa de culto construída na roça foi dedicada a Osumare.Otampe Ojaro a fundadora e primeira mãe do Alaketu era filha de Osumare, orisa nago intimamente associado ao arco-íris. Conta a tradição da casa que foi este orisa quem se apresentou no mercado de escravos “na figura de um senhor de posses, alto e simpático” e comprou Otampe Ojaro e sua irmã gémea que com ela viera, alforriando-se em seguida. Otampe Ojaro voltou mais tarde para África onde se casou com Baba Laji em nome de branco “Porfírio Regis”.Voltou então Otampe Ojaro á Bahia onde comprou o terreno da roça – “por seis patacas” – e fundou o terreiro a que deu o nome de Ilé Maroialaji. A tradição da casa fala no rapto das duas irmãs “em um riacho perto de ketu” pelos daomeanos numa das suas incursões predatórias."A genealogia de Olga Francisca Regis remonta a cinco gerações, e os claros na sua diagramação foram explicados por se referirem “a pessoas que não tiveram muita obrigação na casa”.O nome Ojarô, uma abreviatura de Ojá Aro, é o nome de uma das cinco famílias reais conhecidas em Ketu e de onde ainda são escolhidos osAlaketu, num sistema rotativo.

(fonte: Wikipedia)

Yá Nitinha da Oxum (In Memorian)

Areonithe da Conceição Chagas, Iyá Nitinha de Oxum nasceu no dia 12 de setembro de 1928, em Santo amaro de Ipitanga, na Bahia.Filha de Izidora com um Espanhol, foi criada desde o nascimento por Maria da Natividade Pereira, mais conhecida como “Cotinha” – Ogun Jobi, filha de santo da Casa Branca, mais precisamente do 3º barco de Mãe Maci.Aos 04 anos de idade, Iyá Nitinha foi iniciada para Oxum, por Mãe Maci.Aos 14 anos se apaixonou por um filho de Ogun do Jeje de Cachoeira BA, mais conhecido como “Seu Benzinho” ele era Oluou e jogava Búzios para Casa Branca. Desta União nasceram 02 Filhos, ambos Ogans da Casa Branca Areelson (Ogan Leo) e Arehigino (Ogan Gininho).Durante esta união, Iyá Nitinha galgou conhecimento sobre a nação Jeje, pois Seu Benzinho era um grande e respeitado Oluou.Terminada esta união, Iyá Nitinha passou a trabalhar nas profissões em que era formada, parteira e professora primaria na comunidade de Portão BA.Mais tarde veio a ter seu 3º filho Antonio Luis (Julinho).Fundou a sua 1ª Casa de Candomblé em 1960, no Município de Santo Amaro do Ipitanga em Pitangueiras BA.No Ilê Asé Iyá Nasso Oká - Casa Branca recebeu os Postos de Iyatebexê, Ojuodé, Yakekerê. Também recebeu o posto de Iyagan do Terreiro Aboula em Amoreira BA, o maior posto dado a uma mulher no lado Lesen-Egun.E assim Iya Nitinha não parou em 23 de abril de 1972 fundou a Sociedade Nossa Senhora das Candeias (Asè Iyá Nasso Oká Ilê Osum – Sociedade Nossa Senhora das Candeias) na Cidade de Nova Iguaçu RJ, mais precisamente no bairro de Miguel Couto, na baixada Fluminense.Neste foram iniciados mais de 500 filhos de santo, Ogans e Ekedes.Sempre correta em atitudes e dedicada aos seus trabalhos como Iyalorixá, Iya Nitinha é um exemplo de respeito e cumplicidade para com os orixás, aos quais dedicou toda a sua vida.Morreu em 04 de Fevereiro de 2008 em Salvador – BA.Iya Nitinha era mãe teve 03 filhos biológicos (Leo, Gininho e Julinho), filhos adotivos, netos e bisnetos, todos adeptos ao candomblé e seguindo os seus ensinamentos.Conheceu o Presidente Lula no Rio de Janeiro a cerca de 10 anos depois em 2005, foi convidada pelo Presidente Luis Inácio Lula da silva para fazer parte da comitiva Religiosa que participaria do funeral do Papa João Paulo II. Ao ser perguntado sobre o atraso no voo, Mãe Nitinha dizia: “ O santo mandou ficar”Em 2007 foi condecorada com a Comenda do Rio Branco também pelo Presidente Lula em Brasília.Iya Nitinha era animada exuberante e graciosa, mas também enérgica quando preciso e conhecida Nacional e Internacionalmente, com filhos de Santo espalhados pelo Brasil, Argentina, França, Portugal, Itália, EUA e outros países. Conquistou sua fama por conta de seus conhecimentos e sapiência no Candomblé em suas diferentes Nações.Mãe Nitinha não era apenas um exemplo de Iyalorixá, tinha poder nas decisões e a magia no olhar, foi incontestavelmente uma das maiores lideranças religiosas na Bahia e no Rio de Janeiro.Em 2009 teve a sucessão de Iya Nitinha pela Iya Débora de Oxum no Asé Iyá Nasso Oká Ilè Osum - Sociedade Nossa Senhora das Candeias em Miguel Couto RJ.Iya Débora de Oxum vem exercendo todos os ensinamentos deixados por Iya Nitinha e executando todas as festas que Iya Nitinha fazia em vida.

Mãe Senhora D'Oxun (In memorian)

Maria Bibiana do Espírito Santo, a Mãe Senhora, Oxum Muiwá, filha legítima de Félix do Espírito Santo e Claudiana do Espírito Santo, nasceu em 31 de março de 1900, na Ladeira da Praça em Salvador, Bahia.Era descendente da nobre e tradicional família Asipá, originária de Oyo e Ketu na África, importantes cidades do império Yoruba. Sua trisavó, Sra. Marcelina da Silva, Oba Tossi, foi uma das fundadoras da primeira casa da tradição nagô no Brasil o Ilê Axé Aira Intile, Candomblé da Barroquinha, depois Casa Branca do Engenho Velho, que deu origem aos terreiros do Gantois (Ilê Axé Omi Iyamassê) e o Ilê Axé Opô Afonjá, do São Gonçalo do Retiro.Não se tem muita informação sobre a vida de Maria Bibiana, do nascimento até os 7 anos, talvez em razão da pouca importância que se dá nas comunidades de candomblé aos fatos e datas da vida secular e do pudor cerimonioso com que são tratados os fatos da vida pessoal dos seus membros, sobretudo aqueles tornados líderes, com uma posição e autoridade a serem preservados.O que sabemos é que foi iniciada aos 7 anos de idade e, nesta época, já recebeu de sua mãe-de-santo, Eugênia Anna dos Santos, Mãe Aninha, Obá Biyi, a “cuia” que pertencera à sua bisavó, Marcelina Obatossí. O merecimento excepcional obtido por Senhora em tão tenra idade, deveu-se à sua linhagem familiar e espiritual.Senhora foi preparada por Obá Biyi para ser sua sucessora. No Axé Opó Afonjá foi a Ossi Dagã e nas ausências de Mãe Aninha, assumia os cuidados com o culto e os filhos da Casa, auxiliando as tias e irmãs mais antigas no comando da comunidade.Com a morte de Mãe Aninha e “depois de realizadas todas as obrigações e preceitos de acordo com a liturgia da seita, e tudo regularizado dentro do Axé Opô Afonjá”, em junho de 1939, Mãe Senhora assume, ainda com o título de Ialaxé, a direção do terreiro – “como era de direito, devido à sua tradicional família da nação Ketu, ao lado de Mãe Bada, Maria da Purificação Lopes, Olufan Deiyi, já idosa, mas reconhecidamente sábia e experiente, propiciando uma transição segura e tranquila até a sucessão concluída com sua morte e luto ritual. Segundo Deoscóredes Maximiliano dos Santos, Mestre Didi, seu único filho biológico, Mãe Senhora torna-se de fato e direito a Ialorixá do Axé, em 19 de agosto de 1942.”No Ilê Agboulá, comunidade do culto dos Eguns de Ponta de Areia, ilha de Itaparica, exerceu sua liderança e recebeu o título mais elevado dado a uma mulher – Iya Egbé.Sua fé em Xangô era inabalável, e sua dedicação ao orixá de sua mãe-de-santo era “maior até que ao seu próprio orixá” – que ela chamava de “meu anjo da guarda”.Mesmo não residindo “na roça”, estava presente e tudo controlava com extremo rigor e pontualidade, empenhando todos os esforços para a fidelidade dos preceitos com entusiasmada dedicação.Esta Senhora de Oxum de forte personalidade, deu seguimento às comemorações e festas tradicionais de acordo com o calendário estabelecido por Dona Aninha. Mantinha muitos dos hábitos instituídos por sua mãe-de-santo, como ter a sua manutenção econômica assegurada por atividade independente do sacerdócio.Vivia o sacerdócio como uma missão. A partir de 1942, Senhora, já ialorixá, começou a tomar providências importantes para neutralizar as reticências e oposições que por ventura ainda perdurassem no interior do egbé e a substituir cargos tornados vacantes por afastamento, morte ou para reforçar sua liderança.Criou então os cargos de substitutos no quadro dos Obás de Xangô – os otuns e os ossi obás – ou seja, os primeiros e segundos substitutos dos titulares, ampliando o quadro inicial dos 12 titulares para 36. E aprimorou a instituição, definindo suas funções e estendendo a escolha dos obás para o âmbito social, além dos limites da comunidade religiosa.Provavelmente já como fruto desta nova orientação no corpo dos obás, Senhora e o Axé começaram a colher frutos importantes. Pierre Verger, que desde 1946 fixara residência na Bahia e, a partir de 48, fazia frequentes viagens à Africa, já desenvolvendo pesquisas, tornou-se um interlocutor interessado na retomada das relações entre afro-brasileiros e africanos. Foi assim, que em 1952, Dona Senhora, Oxum Muiwá, recebeu do Oba Adeniram Adeyemi, o Alafin (rei) de Oió, na Nigéria, um edun ará e um xerê de Xangô, acompanhados de uma carta, tratando-a com título de Iyanassô.Como explica Vivaldo da Costa Lima, num artigo intitulado Ainda sobre a Nação Queto, Iyanassô é um título altamente honorífico, privativo da corte de Alafin de Oió, isto é, o “rei de todos os yorubás”. É a Iyá Nassó quem, em Oió, a capital da nação política dos yorubás, se encarrega do culto de Xangô, a principal divindade dos yorubás e o orixá pessoal do rei.Dona Maria Bibiana do Espírito Santo comungava do entusiasmo de Pierre Verger de verem reatadas as relações culturais com a África e recebia com frequência a visita de intelectuais e embaixadores de países africanos como Daomé, Ghana e Senegal. O governo senegalês conferiu-lhe, em 1966, a comenda do “Cavalheiro da Ordem do Mérito”, pelos relevantes serviços prestados na preservação da cultura africana no Novo Mundo.

Mãe Aninha Obá Biyi (Im memorian)

Uma das personalidades mais importante, respeitada e popular do candomblé da Bahia e do Brasil, a yalorixá Mãe Aninha (1869 – 1938), do terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, Patrimônio Histórico Nacional, completou 76 anos de falecida nesta sexta-feira (3).“Ela foi um marco porque tinha muitas ideais de brilho para o candomblé. Ela fez um hino para o Axé, e traduzindo pode se perceber que seriam pedidos para os orixás. Também movimentou e transformou a casa, por conta, disso ela passou a ser frequentada por conceituados artistas, escritores e políticos. Naquela época, suas obras de benevolências foram muitas para os filhos de santos, já que muitos tinham privações de alimentação e moradias. Ela foi uma figura tão impar para seu tempo e para a posteridade, que o Presidente Getúlio Vargas baixou um decreto para que ela pudesse fazer as suas festas em paz”, recorda-se Maria Stella de Azevedo Santos, a Mãe Stella de Oxóssi, yalorixá do Ilê Axé Opô Afonjá e membro da Academia de Letras da Bahia (ALB).Biografia Filha de africanos, Eugênia Anna Santos, a yalorixá Obá Biyi, nasceu em Salvador. Mais conhecida como Mãe Aninha, ela foi instruída no candomblé do Engenho Velho, a casa de Mãe Nassô, fundado por volta de 1830 e o primeiro a funcionar regularmente na Bahia. Saiu de lá para formar uma nova casa, o Ilê Axé Opô Afonjá. Mãe Aninha sempre lutou para fortalecer o culto do candomblé no Brasil, além de garantir condições para o seu livre exercício.Por intermédio do ministro Osvaldo Aranha, que era seu filho de santo, Mãe Aninha provocou a promulgação do Decreto Presidencial nº 1202, no primeiro governo de Getúlio Vargas, pondo fim à proibição aos cultos afro-brasileiros em 1934.Falecida no ano de 1938, a yalorixá Mãe Aninha foi sucedida por Mãe Bada de Oxalá e, posteriormente, por Maria Bibiana do Espírito Santo, Oxum Muiuá, popularmente conhecida como Mãe Senhora de Oxum.

Iyá Davina de Omolú (In memorian)

Davina Maria Pereira, conhecida como Iyá Davina, (Salvador, 1880 — 1964) foi uma Iyalorixá do Candomblé. No dia 24 de julho de 1910, foi iniciada por Procópio Xavier de Souza, mais conhecido como Procópio d'Ogum, no Ilê Ogunjá, situado no Baixão, antigo Matatu Grande, em Salvador. Filha de Omolu e Oxalá, muda-se, ainda na década de 1920, para a cidade do Rio de Janeiro, juntamente com seu marido, Theóphilo Pereira, ogan do Ilê Ogunjá. Possuirá, no bairro da Saúde, sua primeira residência no Rio de Janeiro. Lá, abrigará inúmeros conterrâneos de mudança para o Rio, ficando, tal casa, popularmente conhecida como "Consulado Baiano". Já nessa época, existia no Rio de Janeiro um famoso terreiro de candomblé, situado na Rua Barão de São Félix, número 174, dirigido pelo renomado pai-de-santo João Alabá. A este, Iyá Davina irá se juntar. Alguns historiadores confirmam que tal terreiro havia sido fundado por Bamboxê Obiticô. João Alabá fora iniciado na Bahia (desconhece-se em qual terreiro). Cultuava grande amizade com sacerdotes baianos, entre estes: Joaquim Vieira da Silva, mais conhecido como Tio Joaquim. Por ele, foram iniciadas Carmen do Xibuca e quase todos os membros da familia de Tia Ciata (de sobrenome Jumbeba). Do mesmo terreiro baiano onde fora iniciado, vieram Vicente Bankolê e sua esposa Tia Pequena (esta, pernambucana do Recife) que, após o falecimento de Alabá, herdariam os assentamentos de seu orixá - Omolu - e deslocariam o terreiro da Gamboa para Bento Ribeiro, e, logo depois, para a Baixada Fluminense - criando, assim, a Sociedade Beneficente da Santa Cruz de Nosso Senhor do Bonfim, mais conhecida como Casa-Grande de Mesquita, e que seria a primeira comunidade-terreiro de candomblé a estabelecer-se na Baixada Fluminense. Iyá Davina, logo na mudança para Bento Ribeiro e após o falecimento de Alabá, torna-se a Iya Kekerê do terreiro. Em 1950, após o falecimento de Tia Pequena, se tornará a última iyalorixá da casa, vindo a falecer em 1964. Sua neta biológica, Meninazinha d'Oxum, herda seus assentamentos e funda, em 24 de julho de 1967, a Sociedade Civil e Religiosa do Ilê Omolu Oxum, situada, num primeiro momento, na Marambaia de Nova Iguaçu e, depois, transferida para São Mateus, São João de Meriti, no Estado do Rio de Janeiro. Iya Davina participará da fundação de inúmeros terreiros no Rio de Janeiro. Entre estes: o Terreiro Bate Folha de João Lessengue, o Axé Opô Afonjá de Mãe Agripina, o Terreiro de São Gerônimo e Santa Bárbara, de Mãe Senhorazinha; o Ilê Nidê, de Seu Ninô d'Ogun. E vem a ser, também, madrinha de orunkó de Pai Zézinho da Boa Viagem. Fato que tão bem ilustra os vínculos criados entre migrantes baianos e cidadãos cariocas, determinantes para a preservação, manutenção e criação de novas e velhas tradições culturais.

Fonte de pesquisa realizado pelo Google

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